Meu Testemunho: Sobre bússolas quebradas, gigantes adormecidos e a Pátria que ainda respira
- Marcio Almeida

- 10 de set.
- 5 min de leitura
Sobre eu e você, e o nosso papel na mudança perene!
Aviso ao leitor: Este não é um texto sobre liderança. Não é sobre cinco dicas para o sucesso, nem sobre as últimas tendências de gestão. Se é isso que procura, pode parar aqui. Este é um testemunho. É a minha história se encontrando com a Sua, na encruzilhada de um tempo que parece ter perdido o rumo. É uma tentativa de acender uma pequena luz em meio a uma escuridão que se tornou tão densa que muitos de nós já nos acostumamos a ela.

A Paz 🙏🏼, assim espero!
Outro dia, em Katmandu, no Nepal, uma nação estrangulada pela corrupção de uma elite comunista, algo curioso aconteceu. O governo, em um ato de desespero para silenciar as denúncias que fervilhavam nas redes, baniu o TikTok. O que se esperava? Talvez um protesto efêmero. O que se viu? Uma nação de jovens, antes anestesiada pelo scroll infinito, que tomou as ruas com uma fúria que não se aplacou nem quando o "circo" digital foi devolvido. A revolta não era pelo aplicativo. Era pela dignidade roubada, pelo futuro confiscado, pela visão insuportável de uma casta corrupta esbanjando o luxo que a miséria do povo financiava.
E eu olho para essa centelha a milhares de quilômetros de distância e não consigo deixar de pensar em nós. No Brasil.
Porque o que aconteceu no Nepal não é um fato isolado. É uma parábola. É o "fantasma do futuro" visitando o presente. E a história que essa parábola conta é a nossa.
Eu vi a semente da desordem ser plantada.
Em 1995, eu era um jovem cheio de sonhos, recém-aprovado na UFRJ, vindo do Imperial Colégio Pedro II. Eram templos do saber, lugares onde a busca pela excelência intelectual não era uma opção, era o ar que se respirava. Mas foi ali, naqueles corredores que deveriam ser sagrados, que eu testemunhei o início sutil da demolição. Vi a meritocracia, a exigência rigorosa que forja as grandes mentes, começar a ser rotulada de "elitista". Vi a busca pela Verdade, com "V" maiúsculo, ser lentamente substituída por um pântano de "narrativas" e "pontos de vista". A lógica inversa começou a se instalar: se a barra está alta demais, não eleve o aluno; rebaixe a barra.
Não se engane, não era um ato de caridade. Era um projeto. Um projeto de engenharia social de longo prazo que visava criar não cidadãos fortes e independentes, mas uma massa de indivíduos intelectualmente frágeis, dependentes de um Estado-babá que lhes daria o pão da subsistência em troca da liberdade da alma. Eu vi a semente. Hoje, todos nós colhemos os frutos amargos.Vivemos o paradoxo de uma era de avanço tecnológico sem precedentes. A humanidade lança foguetes a Marte, desenvolve robôs que imitam nossos movimentos, cria inteligências artificiais que compõem sinfonias. E nós, no Brasil? Celebramos como uma grande vitória social um botijão de gás "dado" pelo governo. Comemoramos a gratuidade de uma conta de luz, sem perguntar quem, no final, paga por essa "dádiva" com o suor do seu trabalho. O "país do futuro", a promessa que ouvíamos nos anos 80, continua sendo apenas isso: uma promessa, um futuro que nunca chega, pois o presente está acorrentado a um projeto de mediocridade.
Não é sobre política. É sobre a alma.
E aqui, eu peço que você se desarme. Este não é um ataque a um partido ou a um político. Isso seria fácil demais, seria cair na armadilha da discussão paralela que nos oferecem todos os dias para que não encaremos o verdadeiro problema. Políticos corruptos e ideologias nefastas não são a causa da doença; são os sintomas, são os vermes que se alimentam de um corpo já debilitado.
A doença é mais profunda. É uma crise na alma da nossa nação.
É a perda da nossa identidade, um processo que começou lá atrás, com a demolição dos nossos símbolos, com o apagamento dos nossos heróis, com a reescrita constante da nossa história para que ela se encaixe em uma narrativa de vergonha e ressentimento. Uma nação que não sabe de onde veio, não tem como saber para onde vai. Torna-se um navio à deriva.
É a inversão da própria noção de justiça. Quando vemos criminosos confessos, que devolveram centenas de milhões de reais roubados, serem descondenados e aclamados, enquanto cidadãos comuns são perseguidos por crime de opinião. Quando assistimos a juízes tratarem assassinos e traficantes com uma deferência que negam às suas vítimas. Quando a lei, que deveria ser a muralha de proteção do inocente, se torna a arma de opressão do Estado contra quem ousa discordar... o que acontece com a alma de um povo? Ela adoece. A bússola moral que nos orienta se quebra, e o cinismo da Patrícia se torna a resposta racional de uma geração inteira.
Não é sobre o que "eu acho" ou o que "você sente". É sobre a Realidade.
A grande hipocrisia do nosso tempo é mascarar essa decadência moral com uma retórica de sentimentalismo e falsas virtudes. Não é hora de nos ocultarmos. A realidade do mundo e a natureza humana, como nos são reveladas pela graça Divina, pela filosofia perene de um Aristóteles ou de um Santo Tomás de Aquino, nos ensinam verdades que não são negociáveis.
Ensinam que o homem foi criado para a grandeza, não para a dependência. Que a alma, como dizia Platão, anseia pelo Bem, pela Verdade e pelo Belo. E que a ascese, a luta para se elevar, para se conformar a um ideal superior – a imagem e semelhança do próprio Criador –, é parte inerente da nossa condição.
O projeto que vemos em curso no Brasil é uma negação deliberada de tudo isso. É um projeto que busca acorrentar o homem à sua dimensão puramente material, biológica, satisfazendo suas necessidades imediatas para que ele se esqueça de sua fome de transcendência. É a lógica do zoológico: jaula segura, comida no cocho, nenhuma preocupação... e nenhuma liberdade.
É sobre mim, sobre você, sobre todos nós.
E é por isso que este não é um texto sobre política. É um chamado pessoal, intransferível, a cada um de nós. Aos de hoje, aos de ontem, e ao futuro que queremos para os de amanhã.

Não podemos mais terceirizar a responsabilidade. Não podemos esperar por um "salvador da pátria". A reconstrução do Brasil não começará em Brasília. Começará na sua casa, na sua empresa, no seu círculo de amigos, na sua paróquia. Começará quando você decidir que não mais participará da grande mentira.
Quando você decidir buscar a verdade com o rigor de um cientista e a humildade de um santo, em vez de se contentar com as manchetes e os memes. Quando você decidir educar seus filhos para serem fortes, virtuosos e independentes, em vez de frágeis e dependentes. Quando você, líder, decidir criar na sua empresa uma ilha de meritocracia, de excelência e de integridade, um testemunho vivo de que um outro Brasil é possível. Quando você decidir que sua vida será um ato de resistência contra a cultura do patético.
A centelha que vimos no Nepal é a prova de que mesmo a geração mais anestesiada ainda carrega, em algum lugar, a chama da dignidade e o anseio pela liberdade. Essa chama existe em nós. Em você, que me lê agora.
A tarefa é gigantesca. O caminho é árduo. Mas ele começa com um ato de fé. A fé de que a Verdade existe, de que a virtude é possível e de que a nossa pequena e obstinada busca pela ordem, em meio ao caos, tem um poder que ecoa na eternidade.
Este é o meu testemunho. E agora, a pergunta que importa não é o que "eles" farão. É o que você fará.
A gente se vê na arena.
Rumo ao TOPO 🚀
Marcio Almeida








Comentários